domingo, 5 de dezembro de 2010

megamind



Parece mesmo que a verdade está aí para qualquer pessoa perceber. Nos ditados mais populares, taoísmo, confucionismo, palavras de santos, orações. Nossa mente é que precisa de amadurecimento para reconhecê-la. Percebê-la em tudo.
Tudo aponta para a mesma coisa, para o que já somos e não sabemos. Para o que tanto queremos e procuramos fora.
Nos objetos externos encontramos conforto, comodidade, realização, poder, felicidade, tudo o que você quiser projetar neles. A falta deles nos traz tristeza, medo, insegurança, raiva, frustração, depressão, doença. Por eles mentimos, esquecemos do outro, brigamos, ofendemos, passamos por cima.
O que é o bem e o mal? O que é o dharma? De onde vem tudo? Existe um cara sentado olhando para tudo e brincando? As lilas são para o divertimento de alguém? Somos destinados a alguma coisa? Para que o livre arbítrio?
Tantas perguntas nos levam ao autoconhecimento e quando você consegue se questionar e começa a amadurecer através de tudo que se passa, começa também, a saber, as respostas e vê-las por aí.
Por exemplo, num filme de animação, para crianças, com humor adulto, uma sátira aos filmes de super heróis, mas que questiona o bem e o mal, destino, dharma, escolhas.
O vilão, enviado de outro planeta, resolve ser mal, pois logo pequeno ele percebe que não faz nada direito, a não ser o que é errado. Ele é ofuscado pela perfeição de outro ser, também extraterrestre, que só faz o bem, salva e ajuda toda uma cidade e é reconhecido. Quando em mais um confronto o vilão consegue matar o mocinho e toma a cidade para si, ele fica sem saber o que fazer, a vida fica vazia, ele tem tudo o que sempre quis, mas não tem nada para fazer. Ele se dá conta que sua vida era motivada pelas lutas, que sem o bem, o mal dele perde o sentido. Ele então procura uma pessoa boa para construir um novo super herói, para ter com quem lutar. Na grande ameaça à cidade o novo herói não aparece, o vilão vai até ele e o encontra sentado jogando vídeo game, cheio de coisas e dinheiro que acabara de roubar, e quando questionado ele diz, “ué para que eu iria querer super poderes se não para ter o que eu quiser”. Este então se torna o novo vilão. O mal descobre sua real vocação que era fazer o bem. O mocinho morto, na verdade forjou a própria morte por que tinha cansado de repetir o mesmo clichê de lutar contra o mal e ser reconhecido, ele queria ter uma vida comum, ser músico, e assim escolheu. A mocinha, uma repórter, não teve nenhum romance com o herói, ele não fazia o tipo dela, e ela acaba com o vilão–bom, afinal aparência não é tudo, o que importa é a essência. O filme termina dizendo que o nosso destino nós fazemos através das nossas escolhas, e não o que nos dizem que é o certo.
Está aí para quem quiser aprender, melhor, falando para crianças.
Não existe bem e mal se você sabe que Tudo é a mesma coisa, que somos um. Que o criador e a criação são. Existe equilíbrio, tudo acontece por uma ordem, que é como a lei da gravidade, ninguém vê, mas todos sabem o que é. Isso é o dharma. Fazer para outro o que você gostaria que fizessem para você. Quem não quer ser bem tratado? Ser reconhecido? Mas nos comparamos e começamos nosso samsara, lotados de projeções, identificações, condicionamentos.
Vale à pena, é tudo para nosso bem, esse bem que nada mais é que o amadurecimento, o dar-se conta, a iluminação (sem luzinha colorida), a liberação, moksa.
Não deve mesmo ter ninguém sentado nos olhando e brincando, tudo vai seguindo uma lógica, desencadeando ações e reações, e no final tudo dá certo por que não tem outra coisa para acontecer. Quando o problema acaba e vem o entendimento e o amadurecimento, percebemos que foi melhor assim. Enquanto não aceitamos os acontecimentos a confusão continua. Esse é o tipo de problema que a solução está em nós mesmos. Um problema real se resolve na hora, o que fica nos assombrando é nossa mente sem controle. Como diz o ditado, o que não tem remédio, remediado está.
Somos dotados de um intelecto para que sejamos capazes de questionar, criar, entender, aprender e nos darmos conta. Através do conhecimento vem a verdade. Para isso precisamos de um corpo humano para a iluminação. Por isso é um presente estarmos nesta condição, é um mérito ainda maior se somos capazes de um dia nos questionarmos e nos voltarmos para nós mesmos. Essas realizações do que somos e o que tanto buscamos não nos é tirado, é algo que se acumula e assim evoluímos.
Muito se fala e se fantasia. Normal, já que nossa mente funciona desse jeito, precisamos de forma. Temos todas as formas disponíveis, várias maneiras de chegarmos ao mesmo lugar. Tem para todo gosto. Nada é melhor ou pior, tudo faz parte e serve para um ou outro. Coexistir é importante. O que para mim é bom, pode não ser para você, e está tudo bem, tudo de acordo com a ordem. Isso não nos deixa apáticos, devemos debater nossas idéias, para que mais e mais possamos aprender, mas com respeito e honra.
A verdade é uma só, não existe a minha ou a sua. Estamos aqui para aprendê-la. Nosso caminho nós escolhemos.
A vida é feita de escolhas, de momentos, de pontos de vista, tudo muda sempre, tudo é relativo. Até o dharma é relativo. A única coisa que não muda é o que testemunha, que tudo sabe e que está numa consciência única.

Namaste _/\_
Juliana Cerdá, 05/12/10

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