terça-feira, 27 de julho de 2010



Imagine que um copo tem uma mente, que seja tão desenvolvida ao ponto de ser autoconsiente, e que ele possua alguma opinião sobre si mesmo. Uma vaca, por outro lado, não tem nenhuma opinião sobre si mesmo, pois tem muito pouca autoconsiência para poder formular alguma opinião sobre si mesma. É por isso que vaca branca não se lamenta dizendo: "eu sou branca" nem a vaca preta: "eu sou preta". Elas não tem complexo...Mas se o copo fosse consciente de si mesmo, como um indivíduo, ele definitivamente teria todos os complexos que nós temos. Os caminhos da mente seriam os mesmos com o copo dizendo: "eu sou um copinho, mas aquele outro copo é grande. Eles só me usam para água gelada, mesmo no inverno, enquanto o outro copo tem açucar e fica ali confortavelmente. Olhe só para aquela xícara de porcelana, ficam polindo-a tão cuidadosamente, guardando-a como se fosse um tesouro naquele guarda-louça. Mas, de mim, ninguém quer saber. Eles me usam só para um gole de nada e me atiram fora. Eu sou descartável, não durarei muito, morrerei qualquer dia desses".

O copo se torna profundamente depressivo e busca uma solução para seus problemas. Alguém diz ao copo que ele deve fazer uma dieta especial. De manhã, ele deverá comer brotos e folhas, à tarde, arroz integral e lentilhas. Uma outra pessoa diz ao copo para ficar de cabeça para baixo diariamente, de modo que o sangue possa fluir para a cabeça. Isto é benéfico, mas também significa que se o copo antes pensava erroneamente, agora irá pensar um pouco mais erroneamente. O copo se torna apenas um copo invertido. Só que mesmo assim ele ainda será um copo; não se tornando nada além. Uma outra pessoa diz que ele possui profundas impressões que tem que ser eliminadas. Ainda outra diz que o copo deverá mergulhar profundamente em si mesmo para descobrir sua real natureza. No mais íntimo recôndito do coração, no fogo da meditação, o copo irá descobrir que é plástico. Entretanto, se fosse eu a ensinar ao copo, não lhe diria nada disso. Eu diria simplesmente: "Você não é um copo. Na verdade, você é plástico". Ainda que o copo seja plástico, plástico não é copo. Isto é autoconhecimento. O copo não precisa ter medo de ser um copo; ele deve saber que em o copo se quebrando, o Eu não se quebra. A conclusão de que "eu sou mortal" não existirá se o copo souber que é plástico. Existem um milhão de copos de plástico. Se eu sou um deles, sou diferente do todos os demais, e eles são todos diferentes de mim. Mas se eu sou plástico, então, todos eles são eu, e não sou ennhum deles. Todos os copos existem em mim, pois eu sou satyam, a base de todos eles.

Trecho do livro: Liberdade - Swami Dayananda Saraswati

Um comentário:

  1. Lá no FB de vidro e aqui, pra ajudar na reciclagem da alma, sejamos de plástico... só não quero ir pro mar e cair na boca da tartaruga.. rs. Belo post: cada dia melhor.. sds.

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